.

.

Quando as coisas se perdem.

As vezes, somente as vezes, desejamos tanto as coisas que elas acabam acontecendo, e quando acontecem, é mágico, intenso, e apaixonante. Porém, um dia a magia acaba, o que era intenso passa a ser rotina, e a paixão... ah… a maldita e bendita paixão, esta transforma-se em saudades, e as saudades em lembranças.
  
Quando as coisas se perdem.


Há algum tempo, mais tempo que eu possa lembrar a data, e menos tempo para que eu possa esquecer, encontrei com um rosto conhecido em uma fila do banco. Um rosto lindo, com uma pequena cicatriz na testa, que dava mais charme a sua delicada face de menina. Seu sorriso largo, contrastava com a expressão séria que as vezes deixava transparecer. Até então era apenas um rosto conhecido, não sabia seu nome, não conhecia sua personalidade e nem seus desejos e sonhos. Como eu desejei aquele rosto.

Como quem não quer nada, e na verdade não queria nada mesmo mentira, resolvi parar e puxar assunto. Então o rosto ganhou um nome, Vitória, e ganhou ainda mais minha simpatia e um convite despropositado (será?) para sair. E eu ganhei seu telefone.

O destino da forma que dá, tira, e tirou da minha memória o nome daquele rosto. Pensei: “Não era para ser mesmo!”. Mas, mais uma vez o destino resolve brincar comigo, e colocou aquele rosto para trabalhar ao meu lado, me dando uma nova chance de conhecer Vitória.

Como era de se esperar, descobrimos muitas coisas em comum, brigamos, fizemos as pazes, rimos e quase choramos juntos. Com o passar do tempo percebi que ela tinha uma personalidade um pouco instável e muito cativante ao mesmo tempo, capaz de prender minha atenção por horas, nos tornamos bons amigos, amigos até demais.

No começo eu sempre lutava para não me apaixonar pela minha nova amiga, depois passei a torcer para ela não se apaixonar por mim, e por fim, fazia um esforço épico para acreditar que isto não poderia ser uma possibilidade.

Mas se tornou mais que uma possibilidade, se tornou um fato, para nós dois, fato que fazíamos questão de ignorar, até que novamente o destino resolve interferir em nossas vidas novamente, como quem coloca molho para apimentar a comida, colocou uma pessoa para esquentar nossa amizade.
Este maldito destino, trouxe do além um ex-namorado de Vitória. Meu coração disparava só de pensar na possibilidade dela namorar outra pessoa, estava ansioso, agitado, com raiva de mim por nunca ter dito nada, e com ciúmes, muito ciúmes.

Até que ela me liga e diz:

_ Que você acha de eu voltar com meu ex?- perguntou ela, pedido meu concelho de amigo.

Na hora fiquei mudo, não sabia o que responde. Na verdade sabia o que responder, mas as palavras simplesmente não saiam de minha boca.

_Você merece ser feliz!- Foi a única coisa que consegui dizer.

Eu também me achei um idiota. Mas como um bom amigo, eu não podia decepcioná-la, mesmo que isso significasse abrir mão dos meus recém descobertos sentimentos.

Eu não percebi mas Vitória estava diferente comigo também, ficava sempre calada ou meu lado, e quando falava, era para procurar brigas, era como se tivesse procurando uma desculpa para brigarmos, então resolvi dar este motivo a ela como ultimo presente de amigo.

_Acho que você não precisa mais de mim, então pare de me perturbar.- disse em tom de ironia.

_Acho que você tem razão... – disse ela antes de sair.

Passaram-se algumas semanas e não nos falamos mais. Por varias vezes pensei em ligar, mas meu orgulho não deixava. Até que num destes momentos em que pensava em ligar, meu telefone toca, e era Vitória, ela parecia triste.

Como queria ignorar este telefonema, mas não podia, pois antes de tudo ela era minha preciosa amiga, e resolvi econtrar com ela e ouvir tudo que ela tinha pra dizer. E ela disse:

_Por que eu não me apaixono por alguém como você?

Então respondi:

_Eu me apaixonei por alguém como você?

Ela ficou muda, seus olhos inundaram de lágrimas, então seus quentes e macios lábios encontraram os meus, e assim passamos de melhores amigos para bons namorados por algum tempo, mas hoje sei que éramos mais felizes quando éramos amigos.

Hoje não somos mais amigos, e nem namorados, e ainda me esforço para não me apaixonar pelas minhas amigas, e torço para que elas não se apaixonem por mim. Em vão.


Share on Google Plus

Sobre welingto

Welington Hungria, estudou Direito pela Universidade Federal de Uberlandia, trabalha como Treinador Corporativo Pleno, escreve sobre fantasia, cotidiano, e as vezes algo que realmente importe.
    Comente pelo Blogger
    Comente Pelo Face

1 comentários: