.

.

Distante[Perto]

As vezes as coisas que estão perto de nós na verdade nos parecem bem distantes, chegar mais perto apenas nos afastarão mais. Parece complicado?

É muito pior do que isso! Conheço uma história que ilustra muito bem isso que eu estou falando.

Como sempre narrada em primeira pessoa, para dar aquele tom....



Distante[Perto]


Tempos atrás, como todo bom amigo, fiquei afim de uma amiga minha, seu nome era Rubi. Nos conhecemos no colegial, entramos juntos na faculdade. Foram longos sete anos de amizade. Sempre fomos bons amigos, sempre estávamos presentes um para o outro e sempre pronto a nos ajudarmos em qualquer situação. Mas no final do quinto ano de faculdade, Rubi se tornou meio ausente.

Durante sete anos, Rubi sempre dava um jeito de aparecer onde eu estava, e quando ela não me procurava, eu que ia ao seu encontro. Confesso que as vezes isso me incomodava, mas nada que fizesse eu ter uma aneurisma de preocupação.

Mesmo que esta situação me incomodasse muito, ela simplesmente me perseguia e botava defeito em todas as minhas namoradas [como se eu agisse diferente com os dela], eu me sentia bem quando ela aparecia do nada.

-Juntos somos invencíveis. –Dizia Rubi.

Mas o que passou a me incomodar foi a repentina ausência dela. Resolvi então ir a sua casa, sem telefonar mesmo, e convida-la para sair e saber o que se passava.

Até então nunca tinha reparado, mas Rubi era uma garota bonita e de curvas perfeitas, pele bronzeada, e ainda tinha aquelas marquinhas de biquíni [Ah! Aquelas marquinhas].

Ela simplesmente não quis sair e também não quis me contar o que estava acontecendo. Ficou calada o tempo todo, apenas olhando para o chão. E quando estava indo embora ela sussurrou baixinho.

“-Como é terrível ter você tão perto..”

Tudo parecia diferente, nem parecia a minha amiga que sempre me dava um soco para cumprimentar. Também foi a primeira vez que a notei como mulher. Durante anos ela sempre esteve ao meu lado, mas toda esta proximidade apenas aumentava a distância entre nós. Depois de anos estava descobrindo que estava apaixonado por Rubi e nunca havia percebido.

Fora do campo é que se pode ter a verdadeira visão do jogo. No meu caso, apenas a distância foi capaz de me mostrar o que realmente sentia por Rubi.

Como não havia outro jeito de fazer isso, estava decidido a falar para ela o quanto gostava dela. Mas como a inércia cobra um preço que as vezes não estamos prontos para pagar, Rubi me disse que estava ficando com um carinha qualquer, um magrelo e branquelo. Na hora fiquei sem resposta.

-Que bom, tomara que de certo para vocês. – era tudo o que eu não queria dizer, mas também era tudo o que eu podia dizer naquela hora.

-Só isso que você tem para me dizer? – perguntou Rubi.

-O que você queria que eu dissesse? Termina com ele e fica comigo... hein... – respondi com um tom meio agressivo.

Ela baixou a cabeça e disse baixinho “Talvez”.

Talvez..., aquilo não saia da minha cabeça. Afinal, o que ela quis dizer com talvez?

Nesta noite não consegui dormir, então as três horas da manha resolvi caminhar um pouco. Andei...andei e de todos os caminhos que poderia seguir, acabei indo para na rua que Rubi morava. Ela estava na janela de seu prédio, e quando nos vimos nos encaramos por um tempo, até que ela fez sinal para eu esperar.

Sentados na escada, ficamos e silencio por algum tempo, até que resolvi falar alguma coisa engraçada, apenas para quebrar o gelo, ela riu e por algum tempo nos parecíamos os amigos de sempre.

Então ela se levantou para sair e quando já se encontrava quase dentro do portão perguntei:

-O que você quis dizer com talvez?

Ela ficou em silêncio, abaixou a cabeça e continuou entrando.

-Espere – disse antes dela entrar.

-Você quer me dizer alguma coisa? – perguntou Rubi

-Talvez! – respondi

-Então diz logo o que você veio aqui para dizer.... disse ela ainda olhando para baixo.

Nesta hora tinha certeza que o “talvez” de entes era na verdade um “sim”. Mas ainda assim não conseguia falar o que sentia por ela. Então Rubi foi entrando até que eu disse: “Termina com ele e fica comigo”.

Finalmente havia conseguido falar, não do jeito que eu queria, mas havia falado, então disse tudo o que sentia. Rubi me ouviu silenciosamente por todo o tempo, permanecia imóvel, olhando para baixo e de costas para mim.

Quando terminei de falar ela correu para dentro e trancou o portão sem falar nada, nenhuma palavra. O “talvez” na verdade era um “não”, agora éramos apenas colegas de sala e nada mais, nem amigos nem namorados, nada, apenas colegas.

Fui embora, caminhei lentamente até chegar em minha casa, quando virei a esquina lá estava Rubi. Quando ela me viu correu para o meu rumo, e em vez de me dar o soco de sempre, ela me beijou, como ela não havia parado de correr caímos no chão, mas ainda assim nos beijamos por alguns minutos. Era bem melhor do que eu imaginava.

Até hoje não sei como fui esperar durante sete anos para descobrir a incrível mulher que tinha ao meu lado, mas agora que ela está comigo não a deixarei partir.

Ah, antes que eu me esqueça, ela não estava ficando com o magricela, ela apenas falou para me passar ciúmes [acho que funcionou], e na noite que ficamos, ela correu por 6 quarteirões para chegar entes de mim a minha casa. Ano passado nos formamos este mês abriremos nosso próprio escritório de Advocacia

As vezes precisamos ir para longe para perceber aquilo que esta perto de nós.
Você já olhou para o lado hoje? Talvez a sua metade esteja aí e você nem percebei ainda.
Vamos! Mova! Que a inércia cobra um preço muito caro.
Share on Google Plus

Sobre welingto

Welington Hungria, estudou Direito pela Universidade Federal de Uberlandia, trabalha como Treinador Corporativo Pleno, escreve sobre fantasia, cotidiano, e as vezes algo que realmente importe.
    Comente Pelo Blogger
    Comente pelo Face

0 comentários:

Postar um comentário